Dia Mundial da Prevenção do Suicídio: por que há cada vez mais casos entre a geração Z?
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Dia Mundial da Prevenção do Suicídio: por que há cada vez mais casos entre a geração Z?

10 de setembro de 2024

Dia Mundial da Prevenção do Suicídio

Prevenção do Suicídio: Os casos de suicídio entre os mais jovens aumentaram de forma alarmante, o que nos deixa com uma pergunta no ar: o que está realmente acontecendo com os jovens?

O dia 10 de setembro, é o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio, dia promovido pela Associação Internacional para a Prevenção do Suicídio (IASP) e endossado pela Organização Mundial da Saúde (OMS). O objetivo de destacar este dia no calendário é dar visibilidade ao tema, reduzir o estigma e conscientizar organizações, governos e sociedade para passar a mensagem principal: o suicídio pode ser prevenido.

Dia Mundial da Prevenção do Suicídio

Conforme a Organização Mundial da Saúde (OMS), o Brasil está em oitavo dentre os países com maior número de suicídios, atrás de Índia, China, Estados Unidos, Rússia, Japão, Coreia do Sul e Paquistão. Em 2013, contabilizou 11.821 suicídios (9.198 do sexo masculino e 2.623 do sexo feminino).

A taxa de suicídio entre jovens cresceu 6% ao ano no Brasil entre os anos de 2011 e 2022. Já as taxas de notificações por autolesões na faixa etária de 10 a 24 aumentaram 29% a cada ano nesse mesmo período.

O número foi maior que na população em geral, cuja taxa de suicídio teve crescimento médio de 3,7% ao ano e a de autolesão 21% ao ano, neste mesmo período. Esses resultados foram encontrados na análise de um conjunto de quase 1 milhão de dados, divulgados em um estudo recém-publicado na The Lancet Regional Health – Americas, desenvolvido pelo Centro de Integração de Dados e Conhecimentos para Saúde (Cidacs/Fiocruz Bahia), em colaboração com pesquisadores de Harvard.

Suicídio e a Geração Z

No caso da geração Z, especialistas dizem que as emergências psiquiátricas da geração Z relacionadas com transtornos de comportamento obsessivo-compulsivo, ansiedade e depressão levaram a um aumento nas consultas por automutilação e pensamentos recorrentes de suicídio.

Esta tendência também é apoiada pela OMS, que alerta que 1 em cada 7 jovens entre os 10 e os 19 anos sofre de uma perturbação mental. O que antes eram casos específicos, tornaram-se um número notável de famílias com menores e adolescentes que tiveram pensamentos suicidas. E por que essa situação ocorre?

Depois do suicídio há sempre uma multiplicidade de fatores, nunca uma causa única. desesperança, uma pessoa que provavelmente começou a se isolar neste sofrimento, perdendo o sentido de ligação com as pessoas e as razões para viver e que, finalmente, também tem capacidade e acesso aos meios.

Tivemos que enfrentar um contexto difícil nos últimos anos. Este período pós-pandemia que todos tivemos que viver nos deixou expostos a um maior sofrimento e isolamento em geral e, no caso dos jovens, numa idade particularmente vulnerável, sem dúvida contribuiu.

Às vezes usamos expressões como ‘geração de vidro’ mas isso pode ser um pouco infeliz, quando estamos vendo o contrário, uma geração que está ajudando a quebrar o estigma sobre a saúde mental e pedindo ajuda.

É necessário assumir que o suicídio é um fenômeno complexo que é influenciado por muitos fatores, tanto a nível individual como social, pelos quais é difícil afirmar ou dar declarações muito ‘claras’ devido à multicausalidade que o define. No entanto, poderíamos dizer que aspectos como a impulsividade, as novas formas de comunicação baseadas fundamentalmente no digital e os riscos associados às redes sociais, bem como uma piora geral da saúde mental, pode estar por trás do aumento do suicídio entre as pessoas desta geração.

Suicídio e o luto familiar

Se por algum motivo você leitor conhece algum caso de suicídio, talvez o depoimento da escritora e comediante Carmen Romero o ajude a lançar alguma luz.

Com o objetivo de narrar como vivenciou o suicídio e posterior luto do irmão Miguel, lançou o livro: ‘Isso não está acontecendo’ (Ed. Planeta), no qual também fala sobre a culpa e seu processo.

“Passei a me sentir culpada porque demorei tanto, algo que não faz sentido e que acredito ser produto da alta autoexigência que nos impomos para tudo. O que aconteceu, de muita terapia, muita paciência e compaixão comigo mesmo para poder estar em paz com essa situação, que é para toda a vida. Também tem sido um momento de busca de respostas, de dar sentido a ela, de integrá-lo e aprender a conviver com as consequências, ainda estou trabalhando nisso hoje.”

Como conselho a quem já passou pela experiência de uma pessoa próxima ou familiar tentar se matar ou ter tirado a própria vida, ela diz que “o processo não é linear, haverá muitos dias ruins, mas também haverá dias melhores, eles vão se alternar. Se um dia você está melhor e no dia seguinte pior, não significa que você está falhando ou que não há melhora, significa apenas que ao tentar, você já está fazendo o seu melhor (e quando se sentir pronto, peça ajuda)”.

Como posso ajudar quem tentou tirar a própria vida

Embora aqui existam algumas nuances, dependendo de cada caso pessoal, uma pessoa que tentou o suicídio precisa sentir por parte das pessoas ao seu redor que entendem que ele está passando muito mal. Ele precisa de apoio caloroso, paciência e tempo para se unir novamente através da proximidade e do carinho.

Ele precisa de pessoas que o ajudem a sentir que ele é importante para os outros. O que ajuda é ouvir e ouvir. E se, além disso, a pessoa tem risco elevado, por exemplo, se for muito recente, necessitar de internação, etc., é muito importante seguir as orientações dos profissionais (provavelmente terão proposto um plano de segurança que inclua na fase de maior vulnerabilidade estar sempre acompanhado e retirar do seu ambiente todos os tipos de materiais que possam ser utilizados para fins suicidas).

Também é muito importante que a própria pessoa nos ajude a definir o que podemos fazer para ajudá-la, pois é ela quem melhor sabe o que precisa. Esse momento é algo que tendemos a esquecer e, pelo contrário, é comum entrarmos num ciclo de ações que, com as nossas melhores intenções, podem não o fazer sentir-se bem.

Continuaríamos com o trabalho de ouvir e ter empatia, com verdadeiro interesse, sem interromper sua fala nem desvalorizar seu sofrimento, transmitindo que me importo com o que está acontecendo; e não falando ‘pense na sua mãe, nos seus filhos…’, pois esse tipo de afirmação aumenta o risco.

E por fim, jamais se deve tratar esse assunto como algo que vai acontecer com o tempo, nem pensar que são ‘coisas da vida’. É fundamental que essa pessoa receba apoio de profissionais de saúde mental. O suicídio pode ser prevenido por meio da detecção precoce, da prevenção e de uma rede de apoio que facilite o acesso dessa pessoa à ajuda de que necessita.

Prevenção do Suicídio: encontre ajuda

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