Protetor solar: Recentemente, a pesquisa anual da Consulfarma liderada pelo consultor e pesquisador em Cosmetologia Lucas Portilho confirmou que, no Brasil, 70% das pessoas não usam fotoprotetor diariamente e apenas 10% dos brasileiros consultam um dermatologista para saber qual o produto mais indicado.
O consumidor brasileiro também não sabe, muitas vezes, decifrar um rótulo de um produto que protege a pele da radiação. FPS, PPD, proteção IR, amplo espectro… o que significa essa sopa de letrinhas?
“A falta de entendimento sobre o rótulo do protetor solar pode demonstrar que a pele não está recebendo a proteção que precisa”, destaca a dermatologista Dra. Claudia Marçal. “Muitas pessoas desconhecem a importância de várias dessas siglas. E além delas, já temos como guideline internacional a indicação de antioxidantes como a Vitamina C e E que potencializam a proteção solar”, completa.
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Alguns protetores solares são resistentes à água e ao suor. Quando um filtro solar é resistente à água, ele permanece eficaz por 40 minutos na pele molhada. Quando ele é muito resistente à água, o filtro solar permanece eficaz por 80 minutos na água. A versão “muito resistente à água” é mais indicada para crianças e esportistas. No entanto, a recomendação é de reaplicar o filtro a cada duas horas e após esses períodos, para garantir uma pele protegida.
O protetor solar pode protegê-lo dos raios ultravioleta A (UVA) e ultravioleta B (UVB) que são prejudiciais à pele. Mas um filtro solar de amplo espectro protege a pele do envelhecimento (manchas, rugas e flacidez), de queimadura e ajuda a prevenir o câncer de pele. “Esse filtro de amplo espectro pode conter ativos antioxidantes e que protegem contra o calor e a luz visível”, afirma.
Moléculas que impedem a formação de radicais livres (e em alguns casos revertem os danos causados por eles), os antioxidantes são considerados excelentes aliados no dia-a-dia. Os radicais livres são átomos ou moléculas instáveis e altamente reativas que, em excesso, passam a atacar células sadias, como proteínas, lipídios e DNA. “Eles danificam a membrana e a estrutura da célula, podendo, em casos extremos, levar à morte celular”, explica.
“O protetor solar deve ir além dos ativos de proteção: ele deve ser um multibenefícios com elementos de ação antioxidante para imediatamente reparar o processo inflamatório formado em função da radiação”, destaca a dermatologista. “Principalmente quando falamos de ambientes onde há muita poluição ambiental, há a necessidade de complementar a fotoproteção com alguns antioxidantes importantes como as Vitaminas E, C, A, B3, o Resveratrol, o ácido elágico da Romã, extrato de Blueberry, da Folha de Oliveira e de Edelweiss.” Algumas moléculas podem ser adicionadas nessa lista: OTZ 10 (que minimiza os danos do calor), Alistin (considerado um antioxidante universal – que age nas camadas de água e gordura da pele) e Exo-P (um antioxidante que impede os danos dos poluentes).
“Filtros de alta cobertura, com base e cor fazem parte dos últimos lançamentos em fotoproteção. A cor serve como uma barreira física à luz visível”.
Divididos entre químicos e físicos, os filtros de fotoproteção atuam de maneiras diferenciadas. “Os filtros físicos são partículas inorgânicas que refletem ou dispersam a radiação, já os químicos são partículas orgânicas que absorvem o fóton de energia”, explica. No protetor, é importante associar o uso dos dois, segundo a médica. “Mas os filtros físicos bloqueadores à base de dióxido de titânio, óxido de ferro e zinco são fundamentais.
Eles agem como uma parede de tijolos — onde a luz bate e volta sem absorvência. Os filtros químicos são importantes, mas altamente instáveis; então na sudorese, na água do mar, a molécula fica quimicamente instável e deixa de proteger”, explica. “E muitas vezes, os raios UVB e Infrared furam o bloqueio dos filtros químicos de alguns produtos de fotoproteção e causam dano celular que, em consequência, provoca flacidez”, completa.
“Quando falamos em envelhecimento fotoadquirido, estamos falando da formação precoce de rugas, manchas, mudança na textura da pele, angiogênese (formação de novos vasos), epiderme pergaminácea e flacidez. Com a radiação, as manchas do melasma também podem piorar. Além disso, a radiação ainda aumenta o risco de lesões cancerígenas na pele.” Para evitar danos, anote: é necessário aplicar duas colheres de chá de protetor solar no rosto 30 minutos antes de sair para o sol, e evitar a fotoexposição das 10 da manhã às 4 da tarde (nesse horário, prefira a sombra). “Reaplicar de duas em duas horas em ambientes abertos e de 4 em 4 em ambientes fechados”, orienta.
A sigla de Fator de Proteção Solar refere-se apenas aos raios UVB. “É o valor obtido pela razão entre a dose mínima eritematosa na pele protegida por um protetor solar e a dose mínima eritematosa na mesma pele quando desprotegida”, explica. Mas um FPS alto vai necessariamente me proteger? A dermatologista explica que não: “Hoje se descobriu que a proteção solar que leva em consideração apenas a questão do eritema (vermelhidão) desconsidera a dose suberitematosa, que é um dano criado antes mesmo da pele ficar vermelha, dando origem a chamada “sunburn cells” (ou células que sofreram alterações importantes pela radiação ultravioleta apresentando degeneração no seu DNA, promotoras mais tarde da possibilidade de cancerização)”, destaca a médica, que recomenda FPS de no mínimo 30.
“Mas não esqueça a proteção contra o UVA, infravermelho e luz visível!” Os estudos afirmam que um FPS 15 consegue filtrar 93% dos raios UVB do sol, enquanto o FPS 30 filtra 97%. A partir desse valor (FPS 50, 70 ou mais), a diferença é mínima com relação ao UVB, mas como a legislação brasileira exige que a proteção contra UVA seja de pelo menos 1/3, a proteção contra essa radiação aumenta. Como nenhum protetor solar pode filtrar 100% dos raios UVB do sol, as roupas de proteção (com FPS), chapéus e procurar sombra também são indicações importantes.
Infrared (infravermelho ou IV) é sentido através do calor ou mormaço. “É uma radiação que acomete num comprimento de onda suficiente para atingir a derme mais profunda — a derme reticular — onde estão as fibras de ancoragem e sustentação da pele. E isso provoca um dano muito importante, com menor elasticidade e uma piora no aspecto geral com a destruição do arquétipo da pele. Além de um maior potencial de cancerização”. A dermatologista explica que, para evitar a flacidez e rugas, é importante o uso do bloqueio físico solar e antioxidantes que diminuam o processo inflamatório causado pelo Infrared.
Mesmo não sendo um conceito novo, é necessário pontuar, de acordo com a especialista, que a luz visível continua sendo um perigo. Faz parte desse conceito: a luz do sol, dos smartphones, das lâmpadas artificiais, dos computadores, enfim, toda a luz vista a olho nu. “Presente na nossa rotina diária, ela é capaz de promover a médio e longo prazos um quadro de eritema mesmo que subcutâneo, mas já suficiente para gerar a presença das sunburn cells”, explica.
A médica ilustra que a luz visível atua no estímulo da melanogênese, resultando em manchas. “As pessoas que têm tendência ao melasma não podem só pensar em ter um fotoprotetor com UVA e UVB. Tem que ter algum tipo de ativo que combata a ação danosa do Infrared e luz visível. São ativos tirados de extratos vegetais que têm ação anti-inflamatória e bloqueadores como dióxido de titânio”, acrescenta.
Persistant Pigment Darkening indica o grau de proteção contra os raios UVA. Nos rótulos, o PPD pode aparecer como FPUVA (Fator de Proteção UVA). “O PPD ideal é a partir de 10 e deve representar, no mínimo, um terço do FPS”, explica.
Se um rótulo de filtro solar diz que contém repelente de insetos, é consenso mundial que você deve procurar outro protetor solar. Embora ambos os produtos ofereçam proteção importante, a compra de produtos separados é necessária porque: o protetor solar deve ser aplicado de forma generosa; o repelente de insetos deve ser aplicado com moderação e com menos frequência do que o protetor solar.
Principal responsável pelo envelhecimento precoce (manchas e rugas), esse tipo de radiação atravessa nuvens, vidro e epiderme, é indolor e penetra na pele em grande profundidade, até às células da derme — sendo o principal produtor de radicais livres. “Os raios UVA afetam a pele o ano todo, independente da estação. Esse tipo de radiação não é bloqueado totalmente com protetor solar e traz prejuízos, desde lesões mais simples até, em casos mais graves, câncer de pele”, explica a dermatologista.
A radiação ultravioleta B deixa a pele vermelha e queimada, danificando a epiderme e é mais abundante entre às 10 da manhã e às 4 da tarde. “Seu grau de proteção é medido pelo FPS e é uma radiação que pode furar o bloqueio dos filtros químicos e aumentar o risco de cancerização”, comenta.
Gel, creme, loção, spray, bastão: todos esses são veículos dermocosméticos que devem ser considerados na hora da escolha de um fotoprotetor, pois isso ajuda na prevenção de acne e oleosidade. “Pacientes com pele com tendência à acne devem optar por veículos livres de óleo ou gel creme. Pacientes que praticam muita atividade física devem evitar géis, pois eles se diluem facilmente”, finaliza.
Fonte: Dra. Claudia Marçal – É médica dermatologista, membro da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), da American Academy Of Dermatology (AAD) e da Sociedade Brasileira de Cirurgia Dermatológica (SBCD). É speaker Internacional da Lumenis, maior fabricante de equipamentos médicos a laser do mundo; e palestrante da Dermatologic Aesthetic Surgery International League (DASIL). Possui especialização pela AMB e Continuing Medical Education na Harvard Medical School. É proprietária do Espaço Cariz, em Campinas – SP.
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